terça-feira, 11 de maio de 2010

pedagogia? é mentira!

Esse final de semana falaram que eu fazia um curso de mentira, claro, eu já havia ouvido isso de outras pessoas, também já ouvi que eu tenho capacidade pra mais, já ouvi me dizerem que devia fazer biologia, letras, história e direito, este ultimo o que eu mais ouço desde antes de entrar na faculdade, ‘já que você não pode fazer medicina, porque tinha que fazer justo isso?’ eu as vezes escuto, de velhos amigos do cursinho, de professores, estranho não é? Pra alguém que passou metade da vida se achando retardada ouvir de tantas pessoas que escolheu um curso retardado, e que tem condições de fazer melhor, de fazer um curso melhor, de fazer um curso de “verdade”que tem competência pra isso, pra isso o que? eu pergunto, alias não paro de me perguntar, o que seria melhor que isso pra mim?

Isso, que eu digo, é meu curso, eu faço pedagogia, PEDAGOGIA, sim eu faço PEDAGOGIA, o ‘curso de mentira’ como mais de uma vez falaram pra mim, não me entendam mal, não é uma resposta grosseira, alias, nem mesmo é uma resposta, é uma reflexão, ou seja é repensar sobre os motivos que me fazem permanecer no curso, que me fizeram escolher o curso, é uma defesa à minha paixão, não é uma resposta, por que é compreensível o valor que se dá ao objeto do curso que faço, e não estou falando só de valor financeiro, mas também de valor moral, e ideológico, quem em sã consciência, e em sã competência faria um curso cujo o piso salarial é menos que um salário mínimo do estado do Paraná? Eu entendo as criticas e as respeito, como nos ensinou o professor Gilmar creio que parafraseando Paulo Freire “respeito é ver, o seu humano, no outro” discordo das críticas, mas as compreendo.

Eu me apaixonei pela educação, por pensar em educação, por processar a educação em mim e poder (em todos os sentidos da palavra) fazer educação, por possibilitar o outro a ter o respeito, de possibilitar...

Não foi assim por acaso, ou sem explicação, foi um movimento, bem explicado nas aulas da Professora Marta Favaro, a teimosa e organizada professora Marta Favaro, provavelmente a professora que me fez 'terminar' o curso lá no primeiro ano, ou quando fomos tirado da superfície e levados ao abismo, nas aulas de Educação e diversidade, interessante, pensar quantas vezes se pensou em educação, quantos processos já se fizeram, quantas continuidades e retrocessos, quanto tudo pra uma coisa de ‘mentira’.

Quanta influencia internacional na efetivação de leis, quantos interesses sobre o que a escola deve ensinar, quanta preocupação com a aparência arquitetônica nos prédios, quanta fiscalização, quanta repetição, quanto senso comum na educação!

Alias isso deve ser a verdade quando se pensa em educar, o senso comum, o pensar sem repensar, sem questionar, sem respeitar.

Quanta gente se preocupando em formar, grandes profissionais de mentira, quanta mentira que se conta, pra acharmos que é de verdade! Mas talvez seja verdade que é mentira, e isso é possível, quando percebemos que as vezes os maiores beneficiados são aqueles menos preocupados e os mais alienados e egoístas, no sentido de não respeitarem, e eles fazem da profissão uma mentira, ou pela mediocridade nunca abandonada ou pelo egocentrismo super desenvolvido.

Sendo o egocentrismo um perigo para todo o formado, mestrado ou doutorado, ao invés de desconstruir e reelaborar, é alimentado, ‘somente minhas idéias valem’, ‘ah! Quiçá minha cabeça fosse no corpo de todas as pessoas’, é, concordo que meu curso é uma mentira, mas só quando tomamos nosso ‘eu’ como objetivo e absoluto, quando não respeitamos, ou não reelaboramos, quando não somos sujeitos da ação educativa, podemos ir até o abismo, mas é sempre impossível chegar até lá sem repensar, sem sintetizar.

Não terei salário de político, nem o quero ser para tanto, não serei famosa, e por que eu iria querer? A maioria gosta só da atenção, não que eu não goste dela, mas o gostar dela me atrapalha, talvez nos atrapalhe e atrapalhe outros.

É possível que eu não alcance o mestrado e o doutorado, vontade não falta, mas são tantas verdade e tantas mentiras envolvidas, e isso me faz insegura sobre o porvir, e se não? Eu terei, ou serei incompetente por não ser aceita? Que diferença isso faz se eu penso e repenso e estudo e pesquiso mesmo sem um titulo? Alias a discussão sobre aceitação ou não de capacidade evidentes não comprovadas de maneira documental ficam pra um discussão posterior.

Mas ainda sim, enganada ou não eu reitero, meu curso é de mentira, tanto quanto é de verdade, assim como todos os outros da universidade, só vai depender dos referenciais de análise e reflexão que cada um vai escolher, eu só não quero, em hipótese alguma ser um referencial mentiroso.

Agradeço aos professores da academia, por me oferecerem ferramentas para compreensão, pelo menos parcial da educação, e me convencendo, especialmente indiretamente que a pedagogia não é uma mentira.

Aqui aprendi, com a minha orientadora, que as pessoas devem ser livres, livres para tentarem alcançar o que quiserem, ao mesmo tempo se sentindo seguras caso não seja possível, pelo menos a principio, alcançar, obrigada Simone, ver a humanidade do outro é essencial para qualquer profissão, mas só se aprende efetivamente quando alguém faz isso por você.


3 comentários:

Unknown disse...

Nossa,que orgulho destes professores que você citou! Realmente nas nossas rupturas e continuidades, conseguimos chegar ao fundo do abismo e de lá podemos visualizar o que quem está no topo só conhece "mentiras" , ainda estão longe de compreender as relações humanas, enxergando o humano no outro...

Edmara Vieira disse...

EH ISSO AÍ RENATAAAAAAAA!!!!
DEFENDENDO A NOSSA HONRA!!!
belas palavras e bela reflexão!!!
amei!!!!
amei tanto q twetei!!!
hehehehe...
bjoooo

Lucas disse...

HAHAHA!

Vai zoar com os Jornalismo. HUAHUAHUA


Sério agora: texto FÓ-DA. Orgulho do Brimo.